Sim City – Um jogo clássico que deu origem aos jogos de Mundo Aberto

É impossível acreditar, que um jogo idealizado em 1984, e lançado em 1989 ainda tenha tantos adeptos, versões e constantes lançamentos de sucesso na indústria dos games, porém, quando o título do game é Sim City, essa afirmação é uma realidade.

Idealizado por Will Wright, enquanto desenvolvia mapas e terrenos para um jogo que ele estava trabalhando, onde o objetivo era o de destruir e bombardear cidades, a ideia veio de poder criar e desenvolver uma cidade e geri-la. Originalmente escrito para o Commodore64, um dos maiores obstáculos para o lançamento em escala, foi convencer as produtoras a distribuírem o game, por este motivo, foi lançado para o Amiga e o Macintosh somente 3 anos após seu desenvolvimento, por uma produtora até então pequena chamada broderbund, que alguns anos depois explodiria com outro enorme sucesso “Prince Of Pérsia”.

O grande sucesso se deu, pela mecânica do jogo, explorando uma categoria até então inédita, a de simulação, mais também pelo seu valor educacional, sendo adquirido até por instituições de ensino para ensinar o conceito de administração que era a base para se conseguir subir de nível, e vencer no game; um outro ponto importante, esse foi também um dos primeiros jogos onde o objetivo era o de construir e não de destruir, caindo no gosto também de outro tipo de público, os que não eram necessariamente “Jogadores” mais sim que gostavam de passatempos e estratégia,até então só encontrada em tabuleiros. Nas imagens, vemos a versão para computadores Commodore64 rodando em um emulador, os gráficos simples foram também um destaque, e um dos maiores sucessos pois agradava a diversos perfis de público.

A clássica tela de orçamentos já estava presente, e permitia alguns ajustes básicos que influenciavam nas ações e resultados e também as áreas industrial, comercial e residencial clássicas e presentes em todas as versões, além claro das construções básicas e um pouco mais avançadas como Estádio, Departamento de Polícia, Estação de Bombeiros, Aeroporto e Porto Marítimo, Usina Elétrica e mais algumas outras coisas. Nesta versão tudo já estava disponível no momento inicial, porém, a limitação do orçamento já existia e precisava da atenção do jogador, ajustes nessa tela impactam diretamente no resultado e no crescimento da cidade, o que em outras versões vinha a ser chamado na qualidade de vida dos SIMs.

O ponto alto e que todos gostavam era que você mesmo podia escolher exatamente onde iria colocar cada item, e não podia se esquecer de liga-los com as ruas, cabos de energia e fazer a correta separação das áreas para que os cidadãos se sentissem confortáveis e se mudassem para sua cidade. Com mais cidadãos e com eles felizes por viverem na sua cidade devido a terem a infra-estrutura e áreas de trabalho e lazer, eles pagam seus impostos e a cidade arrecada dinheiro para poder continuar crescendo. Quase igual ao que ocorre na realidade.

Esta versão fez tanto sucesso, que na época, foram vendidas mais de 1 milhão de cópias, até os dias de hoje, o jogo está presente entre os 10 jogos mais vendidos de todos os tempos. Em 2008 foi eleito como um dos 3 maiores marcos da história dos games e dos computadores.

Sim City 2000 – Uma reformulação Total

O enorme sucesso, fez com que em 1993, fosse criado uma nova versão do jogo, que recebeu o nome de Sim City 2000, e foi essa versão que teve outro feito histórico, como o game que teve o maior número de portabilidade entre diferentes plataformas. Tendo dezenas de plataformas que suportavam o jogo, ou no caso, variações dele, que iam desde computadores de mesa como os IBM-PC, Macintosh e Amiga, além de consoles de jogos como o SNES, Game Boy Advanced (portátil), Mega Drive (SEGA GENESIS), NINTENDO 64, Nintendo DS, Playstation, Android entre outros.

A maior inovação, foi o suporte a gráficos mais elaborados, agora em um motor 3D, com suporte a elevações e o subterrâneo da cidade com sistema de encanamento, metro e centenas de opções de construções que apareciam dentro de um mesmo tipo de zoneamento. Agora era possível ver detalhes do orçamento, mostrando as áreas que tinham maior qualidade de vida por estarem próximas a hospitais, policia e outros serviços públicos.

O motor de simulação também foi atualizado e passou a contar com outras necessidades, como escolas e educação, áreas de lazer com marinas e parques, além de uma série de outras opções. Além de opções de construção de rodovias, ferrovias e uma rede de transporte com ônibus e integrações para “facilitarem” a locomoção dos SIMs (cidadãos). Agora é possível ligar rodovias, ruas e ferrovias com outras cidades do mapa, o que pode trazer novos moradores ou causar perdas populacionais. As exigências dos cidadãos passaram a ser maiores, e a diversão foi aumentada.

O motor de cálculos agora permitia ajustes precisos de cada aspecto da simulação o que garantia uma maior precisão no controle orçamentário e também, uma série de SECRETÁRIOS cada qual responsável por trazer ao prefeito as necessidades e reclamações dos seus cidadães, e permitiam decisões mais ou menos acertadas, que podiam mudar o rumo de crescimento da cidade. Além de um formato de notícias de Jornal, que destacam em suas manchetes, as intercorrências da cidade.

Diferente da versão anterior, que não tinha nunca um fim, em Sim City 2000, quando todo o espaço de construção é preenchido, por um tipo especial de prédio chamado de “ARCHOLOGIE”, ocorre o que é chamado de êxodo, os edifícios de um determinado modelo, similares a um foguete, decolam em direção a “outros planetas” para que novas civilizações possam ser criadas. E o jogo recomeça em um espaço vazio.

O jogo também incluiu vários cenários jogáveis, que são cidades já pré-construídas, nos quais o jogador deve lidar com um desastre ou crise e reconstruir a cidade para atender a um conjunto de condições de vitória. Estes foram baseados em versões de cidades da vida real, e alguns foram baseados em eventos reais.

Esta versão do game, também teve alguns remixes e acessórios, outra inovação criada, pela maxis, para expandir o jogo original, o que se tornou um padrão da industria de games, que vem sendo bem aceito e usado até os dias atuais. Algumas versões desses “acessórios” incluiram uma ferramenta que permitia criar seus próprios edifícios, e também uma forma de liga-lo a outro game da série Sims (The Sims).

Sim City 3000 e SimCity 4000 – Um review, sem muitas novidades.

Lançado em 1999, 10 anos depois do jogo original, as principais inovações dessa versão foi uma melhoria significativa no motor gráfico e qualidade das imagens, além da introdução de novos controles, como o controle do lixo, gestão de acordos externos (com outras cidades), sistema agrícola e maiores e mais precisos ajustes de valores. E uma nova área para gestão dos acordos comerciais e interação com os secretários de cada um dos setores, propondo acordos internacionais e verificando os protestos e elogios dos SIMs.

Outra introdução, foi a inclusão de construções famosas no mundo, como o Big Ben, Estátua da Liberade, Casa Branca, Pirâmides Egípcias, Esfinge, Torre Eiffel, World Trade Center, entre outras.

A versão SimCity 4000, foi lançada com um mais curto espaço de tempo, em 2003 apresentando muito poucas novidades, o único ponto foi uma melhora na jogabilidade nos pontos da gestão ambiental e subterrâneos, e uma expansão que permitia ao jogador fazer expedições nos carros de bombeiros e policia, ou mesmo dirigir pelas ruas da cidade o que poderia render algum benefício extra.

E também a interação entre outras cidades do próprio jogador, ou seja, agora era possível gerir mais de uma cidade ao mesmo tempo, e ambas podiam coexistir nos acordos comerciais, o que criava uma nova estratégia. Além de introduzir um conceito de horário, e estações do ano, agora as sombras e detalhes gráficos da simulação respeitavam muito mais precisamente esses pontos.

Sim City Reboot – A mais nova versão

Lançado em 2013, é uma versão totalmente repaginada como o próprio nome sugere, é considerado como um recomeço da franquia SimCity e utiliza um novo motor gráfico denominado Glassbox, permitindo uma simulação mais detalhada do que em jogos anteriores, e com gráficos que beiram a realidade.

Ruas curvas, áreas de zoneamento adaptáveis, interligação entre as cidades através das malhas ferroviária, rodoviária, aérea e hidroviária além de ganharem opções detalhadas de controle introduzindo alguns tipos de fontes de energias finitos (não renováveis) e infinitos (renováveis) a poluição dos rios, do ar e a gestão de resíduos passa a ser melhor controlado.

Inspirado no GoogleMaps os infográficos das condições da cidade passaram a ser muito mais intuitivos e compreensíveis. Agora é possível aos jogadores criarem cidades especializadas em um determinado tipo de economia, como turismo, indústria, educacional, e participantes da economia global, já que preços e custos de vida passam a flutuar de acordo com índices globais.

Agora, através da iteração online, é possível até 16 jogadores e suas cidades interagirem entre si formando a chamada economia globalizada, com demandas de oferta e procura, e agora os acordos entre essas cidades pode ser negociado com jogadores diferentes e “desconhecidos” ficando muito mais próximos de uma simulação real.

Alguns problemas originais, principalmente devido ao modo como o jogo executava no sistema online, causou perdas de dados e problemas aos jogadores, além de um problema que envolvia os tamanhos dos mapas, que foram reduzidos a ponto de ser quase impossível de se construir todos os edifícios dentro do espaço. Em um certo momento, não há mais o que fazer, o que faz o jogador ser obrigado a abandonar e construir outra, processo que é um tanto decepcionante, e distorce totalmente da proposta dos seus antecessores.

Outros Games da Franquia e Não Oficiais

O sucesso da franquia, fez com que versões diferentes fossem lançadas para alguns consoles específicos como o Nintendo Wii, e o Nintendo DS, e que exploravam recursos próprios do console, trazendo uma jogabilidade muito diferente e até conceitos totalmente diferentes. Nenhum fez tanto sucesso como os tradicionais.

Outras empresas desenvolvedoras de games acabaram por produzir centenas de versões baseadas no game original e que eram distribuídas nas mais variadas plataformas, algumas tiveram até um certo sucesso e usavam a mecânica do jogo, aliado a opção de compras de itens, e conceitos mais atuais de jogos eletrônicos principalmente para dispositivos móveis, onde a receita não vem da venda em sí do game, mais de pacotes de itens e moedas, que acabam gerando pequenas receitas ao longo de toda a existência do game.

Além de Spin-Offs do game, que também vieram a fazer grande sucesso como e série The Sims (teremos um post dele também), Sim Town (uma versão infantil para construir uma área de lazer), Sim Farm (o objetivo era construir uma fazenda), Sim Earth (colonizar novos planetas), SimAnt (administrar um formigueiro), SimLife (a evolução da vida), SimRefinery (uma refinaria de petroleo), SimCopter (evoluir helicópteros), SimHealth (administrar um hospital), SimTower (edifício comercial), SimPark (um parque temático), SimGolf (um campo de golf), SimAnimals (um zoologico) e mais uma dezena de outros. Além de uma série de sucesso, chamada SPORE que eram simuladores de vida.

A maioria dos SpinOffs de Sim City acabou surgindo a pedido de diversas industrias que queriam uma simulação do seu mercado e aproveitarem a enorme vendagem do jogo original, para servirem como uma propaganda e uma gamificação até mesmo de treinamentos. Como era de se esperar a maioria não fez nem 1% do sucesso original e acabou sendo descontinuado, somente alguns acabaram surgindo como Easter Eggs dentro de versões mais famosas como The Sims (na imagem uma referência ao GAME SPORE).